Em 1959, Bruce Lee deixou Hong Kong e mudou-se para os Estados Unidos. Ao se estabelecer em Seattle, Washington, ele começou a lecionar artes marciais e deu ao seu método de ensino o nome de Lee Jun Fan Gung Fu. Este termo foi adototado por Bruce Lee em suas classes no início do anos 60 quando criou o Lee Jun Fan Gung Fu Intitute.
O Jun Fan Gung Fu é o resultado de uma extensa pesquisa, na qual Bruce Lee integrou influências de diversos estilos de artes marciais, tendo o Wing Chun como principal base.
O Jun Fan Gung Fu pode ser visto como uma metodologia progressiva. Para um aluno de Jeet Kune Do, é essencial ter uma base sólida no método Jun Fan de Gung Fu antes de expandir, explorar e “absorver o que é útil” para desenvolver seu próprio sistema de Jeet Kune Do.
"Após um bom entendimento do método Jun Fan, considera-se importante que o aluno não se apegue rigidamente às técnicas, princípios, conceitos e estratégias de Sifu Bruce Lee. Cada praticante deve seguir sua própria jornada para descobrir o que funciona para ele, em termos de filosofia, técnica, tática, estratégias e princípios no método Jun Fan, e, posteriormente, explorar outros métodos que lhe interessem."
(Dan Inosanto)
Bruce Lee foi mais que um ícone do cinema e das artes marciais — ele foi um revolucionário. Seu artigo Liberate Yourself from Classical Karate, publicado na revista Black Belt em setembro de 1971, marcou uma ruptura com o tradicionalismo rígido das artes marciais da época. Para Lee, a luta não deveria ser um conjunto de movimentos mecânicos e pré-determinados, mas uma expressão livre e adaptável.
Ele comparou os estilos tradicionais a alguém tentando nadar em terra firme — praticantes passando anos aperfeiçoando formas e posturas que, na realidade, não funcionavam em um combate real. A previsibilidade dessas técnicas tornou os lutadores vulneráveis. Em vez disso, Lee propôs um caminho diferente: a fluidez, a espontaneidade e a adaptação.
O artigo de Bruce Lee foi um desafio à intenção de muitos artistas marciais que seguem tradições sem questionar sua eficácia. Ele encorajava cada lutador a encontrar seu próprio caminho, testando, experimentando e descartando o que não funcionava. Em sua visão, a verdadeira arte marcial não está na criatura cega do passado, mas na busca pela máxima eficiência no presente.
Essa mentalidade influenciou profundamente o mundo da luta, dando origem a abordagens mais dinâmicas, como o MMA. Mais de meio século depois, suas palavras continuam inspirando aqueles que buscam a liberdade no combate e na vida. Afinal, como o próprio Lee disse:
“Absorva o que é útil, descarte o que não é e adicione o que é exclusivamente seu.”
A metáfora da água tornou-se central em sua filosofia. Assim como a água assume a forma do recipiente que contém, um verdadeiro lutador deve ser flexível e se ajustar ao que acontecer no momento. Esse conceito deu origem ao Jeet Kune Do, um sistema que rejeita estilos fixos e abraça a evolução constante.
Como precursor do Jeet Kune Do, o Jun Fan Gung Fu é um programa de treinamento progressivo que oferece as ferramentas necessárias para entender o processo evolutivo que levou Bruce Lee ao desenvolvimento do Jeet Kune Do, além de possibilitar interpretações e a evolução das cinco áreas de combate. Isso permite que o praticante transite entre diferentes distâncias de combate, adaptando seu ritmo conforme as circunstâncias.
O termo "Jeet Kune Do" passou a ser utilizado em 1967, quando Bruce Lee e seu aluno Dan Inosanto estavam a caminho de casa após um treino. Dan perguntou a Bruce como ele chamava o método que usava para interceptar o adversário antes que ele atacasse. Bruce respondeu: "Jeet Kune Do" — o caminho do punho interceptador.
Para Bruce Lee, o Jeet Kune Do não deveria ser transmitido como um estilo fixo, mas sim como um processo de autodescoberta e amadurecimento pessoal, um conceito de pesquisa em vez de ensino.
Sifu Bruce Lee vivia de acordo com seu próprio credo:
"Jeet Kune Do utiliza todas as formas e não está preso a nenhuma."
"Jeet Kune Do é encontrar a causa de sua própria ignorância."
"Usar o Sem Caminho como Caminho" e "Não Ter Limitação como Limitação."
"Absorva o que é útil, rejeite o que é inútil e acrescente o que é especificamente seu."
Bruce Lee acreditava que o desenvolvimento nas artes marciais é uma jornada única e pessoal para cada praticante. Ele incentivava seus alunos a não se limitarem a um único estilo ou filosofia, mas a absorverem conhecimentos variados e adaptá-los ao seu próprio estilo de luta. No Jeet Kune Do, a ênfase está na flexibilidade, abertura a novas ideias e constante evolução. Seguir o caminho de Bruce Lee significa não só aprender com ele, mas buscar o aprimoramento pessoal e a descoberta de uma expressão única nas artes marciais. É nessa jornada de autodescoberta que um verdadeiro praticante de Jeet Kune Do honra o legado de Bruce Lee.
(Dan Inosanto)
O Jeet Kune Do é compreendido por meio de quatro princípios orientadores:
Observe suas próprias experiências.
Absorva o que é útil.
Descarte o que é inútil.
Adicione o que é propriamente seu.
Seus quatro princípios orientadores enfatizam o autoconhecimento e a evolução contínua: observar suas próprias experiências permite entender o que realmente funciona para cada indivíduo; absorver o que é útil significa incorporar técnicas eficazes de diferentes estilos; descartar o que é inútil elimina excessos ou movimentos desnecessários; e adicionar o que é propriamente seu incentiva a personalização da arte marcial, tornando-a única para cada praticante.
Diferente do Jun Fan Gung Fu, o Jeet Kune Do não segue um padrão técnico pré-estabelecido, mas os fundamentos do Jun Fan Gung Fu são importantes para desenvolver o corpo e elementos como footwork, trapping e kickboxing.
O repertório técnico de um praticante de Jeet Kune Do deve basear-se em suas experiências pessoais, adaptando os métodos às suas características físicas.